terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O mico

Enquanto aquele mico salta, a poesia perambula naquele céu limpo, desenvolvendo as sombras potencializadas pelas raízes solares e, há quem tema a natureza pela forma. Os elementos se juntam, e juntos, o medo do ser humano. Aquele alívio que só se encontra nas pedras de uma cachoeira e aquela sombra que só se tem naquela velha árvore de mais de cem de idade, esqueça. O homem nunca parou de evoluir e cria o modo de viver para que se viva mais e se dependa menos – dele mesmo. E já parou pra pensar que às vezes crescer mentalmente parece uma cosia sem espírito? “A vida é um estado de espírito”, já dizia Ben “Rand” no filme “Muito além do Jardim”.

As palavras ditas se tornam as mais fortes quando declamadas pela simplicidade e ouvidas pela sensibilidade. De normal nessa vida, só aquele que é louco. Acreditamos naquilo que vimos na TV e nos conectamos na internet pra saciar aquilo que não falta. Votamos na “contramão” porque não existe mais “mão”, todos já pegaram o caminho errado. E enquanto aquele mico sacode o galho, as nuvens se juntam e “co-movem” num singelo ritual de nítida perfeição, o céu se mistura com a frente linha do mar e, ainda há quem tema pela beleza da natureza.

O valor já não vale mais, o que se vende é só nome e sobre os nomes... Deixa pra lá. Procuramos nas ruas as mensagens que o tempo nos fez perder e, a lembrança transforma-se no quadro do presente. Faz-se o homem, modelamos a terra, criamos a rotina e o homem faz-se cansado do “homem”. Estamos tão esgotados que a vida parece melhor quando estamos na frente de um ser sem vida. E enquanto aquele mico se deixa dormir, a música semeia naquele céu como uma amiga silenciosa, despejando os acordes noturnos e, há quem tema a natureza.

Tema o homem, mico.