terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O mico

Enquanto aquele mico salta, a poesia perambula naquele céu limpo, desenvolvendo as sombras potencializadas pelas raízes solares e, há quem tema a natureza pela forma. Os elementos se juntam, e juntos, o medo do ser humano. Aquele alívio que só se encontra nas pedras de uma cachoeira e aquela sombra que só se tem naquela velha árvore de mais de cem de idade, esqueça. O homem nunca parou de evoluir e cria o modo de viver para que se viva mais e se dependa menos – dele mesmo. E já parou pra pensar que às vezes crescer mentalmente parece uma cosia sem espírito? “A vida é um estado de espírito”, já dizia Ben “Rand” no filme “Muito além do Jardim”.

As palavras ditas se tornam as mais fortes quando declamadas pela simplicidade e ouvidas pela sensibilidade. De normal nessa vida, só aquele que é louco. Acreditamos naquilo que vimos na TV e nos conectamos na internet pra saciar aquilo que não falta. Votamos na “contramão” porque não existe mais “mão”, todos já pegaram o caminho errado. E enquanto aquele mico sacode o galho, as nuvens se juntam e “co-movem” num singelo ritual de nítida perfeição, o céu se mistura com a frente linha do mar e, ainda há quem tema pela beleza da natureza.

O valor já não vale mais, o que se vende é só nome e sobre os nomes... Deixa pra lá. Procuramos nas ruas as mensagens que o tempo nos fez perder e, a lembrança transforma-se no quadro do presente. Faz-se o homem, modelamos a terra, criamos a rotina e o homem faz-se cansado do “homem”. Estamos tão esgotados que a vida parece melhor quando estamos na frente de um ser sem vida. E enquanto aquele mico se deixa dormir, a música semeia naquele céu como uma amiga silenciosa, despejando os acordes noturnos e, há quem tema a natureza.

Tema o homem, mico.


terça-feira, 20 de outubro de 2009

Apresentação do Programa Direto do Lixo

Fala aê galera! Desculpem o sumiço, eu sei que o blog andou meio paradão, mas tudo isso têm um motivo. O Blog Direto do Lixo decidiu mudar um pouco:




O programa Direto do Lixo têm a intenção de explorar o universo que está ao nosso alcance e a partir dele conseguir passar para o internauta um tipo mesclado de informações. A idéia surgiu a partir deste blog, criado por Daniel Lolo (Apresentador) que após algumas postagens juntou-se com Arthur Pinto, Brucce Cabral e Márcio Oliveira para tentar realizar a criação de um programa na web. A idéia saiu do papel e foi colocada em prática.

O vídeo mostra uma pequena apresentação do Programa Direto do Lixo que logo estará com seu primeiro episódio sendo veiculado na internet.

Enfim, o Direto do Lixo vai estar na internet cheio de merda pra você.


Créditos:
Apresentação - Daniel Lolo
Direção - Arthur Pinto
Roteiro - Daniel Lolo
Edição/Finalização – Arthur Pinto
Imagens - Arthur Pinto
Produção – Brucce Cabral e Márcio Oliveira

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Prelúdio para o fim de um "solitário"

Eis que a vida em alguma hora há de fazer de você um subordinado. É quando você percebe que existe um “Eu” que vai se apagando aos poucos como se a esperança que havia, tivesse se esfarelando nas lágrimas de um tempo. O controle que possuías já não existirá quando na mente e no leito do fim, já se vê que talvez seja um pouco tarde. O rumo parece embaraçado pela visão camuflada e vigiada pelos vermes que te sucumbiram este tempo todo. Por mais que aches que está tudo bem, nunca esteve tudo bem, o sentido que escolhestes para a vida não é o sentido que pulsa em teu peito.


Então resmungas que todos te parecem dispensáveis, que não se teve um amigo para sete chaves, que não se fez aquela viagem que tanto imaginou. Que um sonho possível torna-te em si uma saudade do que era sonhado. Aí sentas na mofada poltrona que te faz companhia, um abajur de luz fosca e uma televisão que parece definir o silêncio do lar. Não adianta mudar de canal, estás sozinho.





Escolhas foram feitas, a vida já te traçou e traçaste-a como mera coadjuvante. Não existem soluções que te levem a liberdade da sua solidão. Não existem forças para te levantar, a sua época já se fora, então continuas a carregar nas costas aquela pedra que ninguém te ajudou a levar. Os erros vêm à tona e a tua face parece te derreter, os dedos parecem adormecer e a visão ficaste trêmula. Chamem o doutor, agora! Mas como? Não existe ninguém em casa.




Recomendo que assistam o filme "O Lutador" com Mickey Rourke.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Entorpecidos da Guerra

Entre os rostos entorpecidos de vontade e as mágoas deixadas no chão ferido de sangue, o homem rasteja e aponta mais uma vez. A arma que fere com ferro o peito do inimigo fere o peito da esposa e seu filho. Chora aquele que de longe vê, aquele que de perto olha, engole seco e atira pro alto. Nas trincheiras, ocupada pelas tropas, o soldado joga granada e prepara a artilharia pesada. O peso da partida que segue na mente enraivecida protege o homem do mais duro caminho. As noites sem dormir se transformam nas grandes diversões desses homens transtornados e transformados sem alma.






O patriotismo que impera e empurra a razão pra qualquer direção. As entranhas que se desfazem no corpo “sol dado” do calor escaldante. As melancólicas histórias dos velhos que lembram daquele dia. Sentados nas suas poltronas, fumando os velhos cigarros e com os velhos mesmos hábitos, os hábitos. O orgulho te ter servido sua pátria e a tristeza de ter deixado a vida no chão da batalha perdida. Independente de ter sido ganha. É dependente do garoto que se explodiu a testa, dependente da mãe que se fez chorar, dependente do seu amigo que morreu atirando, dependente daquele que se viu entrar na frente do fogo. Dependente de guerra. E agora sai na rua e nada mais impressiona. Não existe conflitos. A cabeça sente falta daquilo que fez a mente virar permanente e procedente de qualquer aceitação do pavor da morte.


O soldado quer pegar sua arma de novo, sinalizar e dar passagem. O soldado quer ferir e sentir a ferida. O homem de guerra quer enlouquecer. Porque ser normal não dá pra ser em guerra. O soldado quer puxar a granada e queimar algumas árvores e de repente, vê se queima um inimigo. Na guerra não dá tempo para lamentar a morte de quem se podia ter feito algo a mais. Na guerra, escolhas que devem ser feitas em segundos. Na vida, escolhas são feitas após anos. Na guerra, não há o “seu” tempo. E sabes que quando há de voltar, o tempo há de andar. E o rosto entorpecido da batalha, não permite que se leve o tempo, nem permite que a vida recupere o tempo.




Qual é a graça dessa vida quando se vive a guerra?



"Minhas mãos estão presas
Os bilhões passam de um lado para outro
E a guerra continua com orgulho de mentes lavadas
Pelo amor de Deus e por nossos direitos humanos
E todas essas coisas são deixadas de lado

Por mãos sangrentas que o tempo não perdoará
E que são lavadas pelo seu genocídio
E a história esconde as mentiras de nossas guerras civis"

(Axl Rose, Duff McKagan, Slash)


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Um tal congresso de quê?

E de repente numa conversa de boa hora, surge no papo, um tal congresso de conhecimento. Na terra do calor e praia cheia de sabor. Sabor de mulher, cerveja e axé.

E tudo vai se organizando conforme a vida vai nos guiando e o dia em que se deve partir há de vir. Ônibus lotado e ninguém finge estar sem estar. Não há motivo para qualquer tristeza, logo em frente existe muita gente pronta para te fazer sorrir. Mesmo que nos dure as cansativas 15 rodadas dos principais ponteiros, a gente aguenta.
A gente aguenta esse sol na cara e bebe logo aquela gelada pra poder ficar ventilado pela brisa que vêm da areia. E as mulheres se juntam formando o contorno brasileiro e instituindo as leis do movimento, elas comandam quem vai e quem não vai. Elas estão no controle. Os homens, apenas com suas lupas descaradas, esperam uma chance de fazer a garota dar umas boas gargalhadas.

A batida de um funk descontraído agita um pessoal desinibido. Longe da terra natal, pouco é o que não se espera. Enquanto o sol atinge o seu ápice, a sede começa a bater forte, mas ninguém quer matá-la com água. Salivas vão rolar. A vantagem fica por conta de quem segue a risca da pedida feminina. Os homens que saem das fábricas. Segue o modelo ser forte, ter cabelos espetados, óculos escuros e sunga. Esses levavam a vantagem. Mas nada que um pouco de malícia não ajude os mais fracos. Algumas vezes, algumas vezes, que fique bem claro, um papo cabeça é que faz a diferença.

Quando parece que tudo está se cansando e o sol já caminha se pondo, a noite aguarda cada um dos confinados. E que a festa não termine, porque o Brasil quer nos mostrar sua beleza. Ah! Mulher brasileira, porque tu fazes assim com o pobre menino? Como se cria coragem para peitar você de frente? Quando verei cenário mais belo? Quando irei me alucinar novamente a ponto de ver minha mente explodir? E quando você menos espera, ela explode. Explode pra sentir a energia daquele lugar todo. Na verdade, todo mundo explode num lugar como esse. Que se deixe em casa todo o medo que se tinha da vida.

Teve gente que foi a procura de um sotaque e acabou procurando por outro. E até hoje acredita, que ali era a vida em jogo. Teve gente que desapareceu por dois dias e nem sabe onde estava. Teve gente que aprendeu a falar “visse”. Teve gente que botou pra fora toda agonia de três dias. Teve gente que fez gente. Teve gente que acreditou que isso servia ainda pra estudar? Teve gente que saiu de lá achando muita coisa, mas pensando em uma única coisa. Saudades.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Até aí tudo bem, né? (Capítulo II ou Final)

*Eu admito a enrolação, admito que passou do prazo de ser escrito mas, promessa é dívida. Então para que fique claro este post será exclusivo para o término do texto “Até aí tudo bem, né?”. Então qualquer dúvida sobre este, basta ir com o mouse dois posts abaixo e assim esclarecerá suas dúvidas. Vamos lá.

Parte I – Na merda.

Lá estava eu, com uma borrachina de fone entalada no ouvido direito. Nada bom. It’s not good, man. I’m so fucked right now. Veja só, o que é a nóia em uma pessoa. Com a borrachinha no ouvido e o meu rosto suado e com feições distorcidas de preocupações, parecia que cada pessoa que olhava pra mim sabia que o fone tava dentro de meu ouvido. Ali, no ônibus, eu não via a hora de alguém falar pra mim algo do tipo “ei cara, tem uma porra aí no seu ouvido” ou então somente ri de minha cara, ou melhor, do meu ouvido. Eu estava tenso, contando os minutos para que o ônibus parasse na faculdade. A agonia era grande, eu sabia que mexer era pior, mas mesmo assim era impossível não cutucar, o negócio doía e parecia que realmente tinha alguma coisa no ouvido. Mas, até aí tudo bem, né? Vai ver que com um pouquinho de calma o negócio sai sozinho. Sai nada.

Chegando à faculdade primeira coisa feita foi ir ao banheiro mais próximo, abrir o ouvido e vê se encontrava alguma coisa. Tentei tirar foto, cutuquei com graveto e não sentia a borracha do fone. Aí comecei a pensar. Será que está dentro do meu ouvido mesmo? Vai ver que meu ouvido inflamou. Sei lá. Bom, eu sei que o negócio doía cada vez mais. Parecia que tinha um boxeador acertando meu tímpano com vários jabs de esquerda e direita. Tava complicado, cada vez mais complicado. Os rounds se passavam e nenhuma solução para o problema. Então, liguei pra minha mãe.

Pra quem não se lembra no primeiro post sobre o acontecido, eu disse que havia gastado os dois reais no ônibus e a carteira de passe não estava comigo. Ou seja, como voltar para casa? Liguei pra minha mãe e mandei ela me tirar daquela bad trip. Tava sem meios de locomoção e no momento ninguém com quem eu pudesse chegar e pedir dinheiro emprestado pra voltar de ônibus pra casa, para de lá, ir para um hospital. Até aí tudo bem, né? Minha mãe disse que ia dar um jeito de resolver aquilo. A primeira proposta foi minha irmã me buscar de ônibus na universidade e de lá a gente ir para um hospital, porque no momento mamãe trabalhava e não sabia nem dá metade do meu azar naquele dia.

Parte II – Saindo da universidade
Passei em um trailerzinho na faculdade e encontrei um pessoal conhecido. Informei-os de meu problema e insistiram em dizer que aquilo era normal, ter a sensação de estar com a borrachinha do fone no ouvido, na verdade era só impressão minha. Eu tinha quase 100% de certeza que o negócio tava ali, mas quem vai saber? Me avisaram que na reitoria tinha um lugar em que um médico ficava lá, coçando o saco, a espera de algum acidente. Então me dirigi até lá, mas adivinha? Nada de médico na reitoria. Novidade? Nenhuma. O que é que a faculdade federal do meu estado têm que não seja voltado para direito e para o hospital universitário? Gato e cachorro, só. Aí na hora, fiquei puto mesmo. Só que surgiu uma luz no meio de uma imensa escuridão. Minha mãe ligou dizendo que minha prima estava indo até minha pessoa para levar-me a um hospital.
Alguns minutos depois minha prima chegou. Minha irmã estava com ela e contei às duas o meu problemas que, na verdade e falando sério, é engraçado. Mas ao mesmo tempo, imagine a situação. As duas rindo de mim e eu com a porra do ouvido doendo, parecendo que tava acontecendo uma prévia do sete de setembro lá dentro. Mas, até aí tudo bem, né? Precisa ver quando eu cheguei no hospital.


Parte III – Amanhã será outro dia

Chegamos ao hospital, procuramos o nome do doutor naqueles quadros que sempre existem no térreo e enfim, fomos até o bendito salvador. Entrando no consultório do médico, percebi muita movimentação, muita mesmo. Tentei me acalmar, preenchi uma ficha e a secretária informou que meu nome estava na lista. Até eu saber que eu era o décimo terceiro da fila, tava tudo bem. Olhe que eu assisti Brasil e Estônia – aquele belíssimo jogo de futebol – todo e ainda o começo de um filme infantil de um cavalo que não se deixava ser domado. Então, agora pensa na minha cara nessas 2 horas e meia esperando minha vez? Com o ouvindo pulsando de dor me lembrando às vezes uma bateria de escola de samba pronta pra entrar no sambódromo. Mas, aí entrou uma senhora, era a última pessoa antes de mim. Eu pela primeira vez naquele dia abri um sorriso.

A velha, claro, demorou bem mais do que as outras pessoas, só para confirmar que realmente meu dia não ia ser de sossego mesmo. Enfim, meu nome foi aclamado: “Daniel, pode entrar”. Vibração total, meu ouvido vai voltar ao normal. Entrei na sala do médico. Expliquei para ele minha situação com aquela belíssima cara de bunda feita por todas as pessoas quando passam por situações similares a essa. Porque, sinceramente, isso acontece com criança e não com um jovem. Mas aconteceu e o médico afirmou que aquilo era mais comum do que eu imaginava. O doutor me chamou para sentar em uma cadeira. Botou um aparelho no meu ouvido. Olhou e disse que o negócio tava lá mesmo. Eu fiquei feliz porra – pra você ver como o dia foi tão ruim, que eu fiquei feliz com a confirmação do fone no meu ouvido, olha o nível de felicidade que eu cheguei neste dia – eu sabia que o negócio tava lá e tinha gente que teimava que não.



“Pô meu amigo, você enfiou mesmo esse negócio no ouvido”. Essa frase usada pelo doutor marcou. Claro, agora estava explicado o porquê de tanto cutucar e não sentir direito a borrachinha. Ele disse que o negócio tava lá dentro mesmo. Bom, enfim saiu tudo certo, a borrachinha caiu no meu colo assim que ele a tirou com uma pinça gigante. O dia estava melhorando para mim. Só não foi melhor porque o doutor esqueceu o meu pirulito. Na próxima eu cobro.

Enfim, chegando em casa, eu agradeci minha prima e então fui descansar daquele dia horrível. Mas, lembrei que tinha aula ainda às 19 horas e eu ainda teria que me deslocar novamente para faculdade de ônibus. Para bom entendedor, meia palavra basta. Um dia cheio de azar, tudo errado aconteceu. Pense. Se eu fosse um bom entendedor, iria sacar que ficar em casa seria a solução. Já que em casa, impossível ter tanto azar.A probabilidade de acontecerem “cagadas” em casa, era muito menor do que na rua. Infelizmente, eu não sou um bom entededor por isso me desloquei pra faculdade, onde chovia e eu estava de chinelo. Ao chegar lá acabei percebendo que não haveria aula, e eu não teria mais aula aquele dia. Ou seja, fui para universidade pra nada neste dia. Nem de tarde e nem de noite. Chegando no terminal da faculdade ás 19 horas e 40 minutos, o ônibus só foi me passar 20 horas e 30 minutos. Eu nem me importava mais com aquilo tudo, estava escrito nas estrelas, na cara das pessoas que me encaravam, nos ônibus das cidades, nas borrachinhas de todos os fones da Sony Ericsson, nos doutores e suas filas gigantes de pacientes que aquele não era meu dia, não era mesmo.

Mas, até aí tudo bem, né? Amanhã pode ser você, meu caro!!





hahahahaha!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Arquivando ideologias

*Antes de começar a ler, queria esclarecer que a segeunda parte do post "Até aí tudo bem, né?" será logo após a este, pois acredito que no momento este post é mais oportuno. Aguarde, não fique de cabeça quente ...



Tudo é bem simples, não exige muito mistério para entender o que se passa no Senado Federal Brasileiro. Não é de agora, nem de ontem nem da época de Renan Calheiros e o caso Renangate, que faz alusão ao caso Watergate na época em que Nixon renunciou nos Estados Unidos. Só que no caso Watergate, tivemos uma diferença. Nixon caiu fora e grande parte do seus comparsas caíram foram também.

Certo dia, discutindo com meu pai sobre política, percebi na cara dele a decepção pelo partido que ele defendera toda sua juventude. Ele panfletava nos metrôs e fazia boca de urna nas esquinas de colégios quando mais novo em São Paulo, capital. Era a vontade dos jovens daquela época, tirar o Brasil do vício da ditadura. Meu pai me disse que certa vez conseguiu ir para uma festa em um casarão da família Matarazzo graças a um amigo seu que foi atrás dos convites. Nesta festa ele conheceu duas pessoas que estavam começando a dar seus primeiros passos na política. E quem olhava e quem os ouvia, não tinha outra opinião. “Esses caras vão mudar o país” disse meu pai empolgado sentado no seu sofá e fumando o velho cigarro de sempre. Sabe quem eram os dois caras? Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu. Ele e mais dois amigos ficaram pasmos com as palavras ditas por estes dois caras. Era impressionante a facilidade deles de persuadir e de fazer acreditar que o Brasil seria mudado. Jovens se enchiam de esperanças na época.

Hoje, meu pai deitado em seu velho sofá, assiste a todas as falcatruas e a falta de poder destes caras. Meu pai hoje está desacreditado, meu pai hoje está desiludido. Hoje ele olha na televisão e vê o Senado ser usado como ringue, onde a oposição ataca Sarney e vice-versa. Onde nas tribunas vê Collor arregalar os olhos e apontar os dedos a Simon e dizer que iria denunciá-lo. Collor hoje, aliado de Lula, Lula com Renan, Renan com Sarney e o país pro beleléu. Hoje, você é aliado de quem você quiser, não importa se você contradizer com as próprias palavras, hoje em dia, não importa muita coisa. Chegamos ao ponto de ver Lula defender Sarney e se isentar dos problemas do Senado. Hoje todas as denúncias estão arquivadas tanto da oposição, quanto do presidente do Senado, José Sarney.

No Brasil, tudo se arquiva. As ideologias surgidas no passado, hoje sofrem a pressão de forças maiores que regem as leis em Brasília. Ou você segue uma regra, ou provavelmente, você é derrubado. E todos são influenciados. Na verdade parece que a maioria dança conforme a música, uns ainda tentam sapatear para direita enquanto uns sapateiam para esquerda – sem forçação de barra de esquerda e direita, só foi um exemplo –, na verdade a corrupção no Brasil segue um ritmo coordenado pelos grandes. Os grandes, aqueles grandes que antigamente se reuniam e discursavam para os jovens, como meu pai naquela época, e os faziam acreditar que hoje seria tudo diferente.



Figueiredo (foto), um dos presidentes na época da ditadura, não conseguiu receber o aperto de mão de uma moçinha. Atualmente, será que essa moçinha apertaria a mão do presidente Lula? Creio que não.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Até aí tudo bem, né? (Capítulo-I)



Parte I – Iniciando o processo de azar

Imagine só, você que está à frente do computador lendo essa merda de blog, que certas coisas só acontecem uma vez ou outra, mas quando decidem acontecer parece que vêm de vez. Não basta você ter azar em algum momento do dia, às vezes é preciso ter azar o dia “inteiro”.

Então foi assim que, na última quarta-feira, dia 12 de setembro, acordei às 6 da manhã e programei meu dia. Sairia do estágio e iria direto a Universidade e comeria em uma padaria próxima ao trabalho algum salgado que pudesse enganar meu seco estômago. A manhã no estágio não teve sintomas de azar, foi somente corrida já que minha chefe no momento estava de férias – e foi até um dos motivos da minha ausência por um tempo no blog – e fiquei encarregado de algumas funções novas. Bom, enfim saí do trabalho direto para padaria, com fones no ouvido e escutando “Beat It” doido para dançar na rua feio louco, a procura de algo que saciasse minha fome. Mas por falta de planejamento e esquecimento em casa, apenas levei 4 reais na carteira, então gastei dois reais em um “rango” na padaria afim de guardar os outros dois para uma eventual vontade de comer na faculdade, que provavelmente aconteceria. Até aí tudo bem, né? Mas, o grande problema foi quando cheguei no ponto de ônibus. Puta que pariu.




Parte II – O começo longe de um fim

Cheguei no ponto de ônibus já procurando a carteirinha de passe do ônibus no menor bolso da mochila. Então foi aí que depois de tirar e retirar tudo do bolso cerca de cinco vezes e perceber realmente que a carteirinha não estava lá. Aí me dei conta de que teria que usar os dois reais que seria utilizado para o eventual rango da tarde, para a passagem de ônibus que me levaria até a universidade. Aí o leitor pode estar pensando, e como esse cara vai voltar pra casa? Até aí tudo bem, né? Pediria dois reais emprestado a algum amigo e voltaria para casa. Tranquilo. Não podia ficar pior. Mas ficou. Sabe, eu acho até que eu procurei o azar neste dia, eu chamei ele pra brincar comigo e ele brincou. Então, lembra dos fones? “Beat It” e tal? Eu os tirei do ouvido (lembre bem disso) e desconectei o fone do celular para poder ligar para casa a procura de uma resposta sobre o paradeiro de meu cartão de passe. Agora, me responde. Pra que eu fui ligar? Ia mudar alguma coisa? O passe não iria até a mim, muito menos minha mãe ou minha irmã iriam à UFS me entregar. Então, concluindo, foi uma ligação sem finalidade alguma.


Entrei no Ônibus naquele momento e pra piorar minha irmã que atendeu minha ligação. Às vezes parece um doce de pessoa, mas às vezes parece um azedume em pessoa. E ela tava nesses dias de limão mesmo. Eu mandei ela dar uma olhada no meu quarto para ver se achava o cartão, ela disse que não ia olhar e desligou o telefone em minha cara. Até aí tudo bem, né? Minha mãe ligou logo depois dizendo que não havia achado o cartão. Ou seja, estava começando a me ferrar cada vez mais. Mais a coisa esquentou realmente quando fui novamente escutar música, dessa vez “Billie Jean” para poder fazer brilhar tudo por perto, já que a escuridão tomara conta cada vez mais de minha azarada pessoa. Infelizmente o que nunca e ninguém iria imaginar aconteceu.

Parte III – A borrachinha de merda

Pronto para colocar o fone no ouvido, a única coisa que eu pensava era como minha irmã às vezes era insuportável. Deu tanta raiva que tive vontade de descer do ônibus e ir até em casa dar um cascudo nela e voltar para minhas aulas na faculdade. Claro que não fiz isso, só imaginei. O que não imaginei era como dois fonezinhos poderiam literalmente me transformar na pessoa mais azarada da minha cidade naquele dia. Pra explicar melhor, meu fone é aquele da Sony Ericsson que possui uma borrachinha na ponta de cada fone para poder colocar dentro do ouvido, abafando o som externo e não causando nenhum desconforto no ouvido. O problema desta merda de fone é que a borrachinha já soltou várias vezes, mas nunca achei que uma coisa dessas podia ficar presa na entrada do meu ouvido. Mas ficou e até aí tudo bem, né? Porque eu sentindo a bendita borrachinha era só puxá-la, pois estava na entrada do ouvido, seria tranquilo. Mas o dia não era pra ser tranquilo. A borrachinha que estava presa no meu ouvido direito era quase imperceptível. Não a senti lá em momento algum durante o tempo que fiquei sem os fones no ônibus. Só que...




Voltando. “Billie Jean is not my lover” e eu pronto pra botar o fone no ouvido. Valeu Michael, uooow! Foi, foi e foi. Coloquei o fone no ouvido direito, olha só, logo o direito. Até aí tudo bem, né? Tudo bem se não tivesse uma borrachinha já no ouvido que após a inserção de um fone no mesmo fez com que esta borracha tivesse sido empurrada até quase meus tímpanos. Na hora, parece que inseriram espuma no meu ouvido. Uma sensação maravilhosa ficar quase surdo e com o ouvido doendo por causa de uma simples borracha. Isso o ônibus se balançando e as pessoas olhando pra mim parecendo que sabiam pela minha cara que eu estava nas piores. Mas, até aí tudo bem, né?

Tudo bem um c... !!

Continua no próximo post ...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Planta

Inocente quem da vida faz ela parada, nem rodopia e nem vai pro lado, fica estático. Enquanto se limitava a queixar-se dos problemas que a vida jogava em cima de ti, outra pessoa pulava na frente e usava das desculpas, as respostas para qualquer coisa. Para demonstrar a rebeldia humana, a intensidade de um ciclo vicioso, acaba encostado numa parede sem rumo. Aí levanta da cama, se espreguiça, vê que é um novo dia e parte pra cima da vida. Mas, novamente prefere se plantar em algum canto por aí e de repente, vê se renasce de novo. Ele renasce, mas volta tudo como era antes e o destino lhe prega a peça de lhe dizer que não é mais você que tem o controle. O sentimento que pairava sobre os ares, parecem lhe atingir feito mísseis pronto para usurparem do seu corpo toda sanidade que o homem necessita de ter.



Aí novamente a planta ressurge como a mais bela das que já tiveram por aqui. Que sensação boa! Veja esta que maravilha. Mas, a planta insiste em ficar naquele mesmo lugar, às vezes até suas folhas balançam fingindo esboçar algum movimento. Movimente-se. Está na hora de queimar todos estes carniceiros que estiverem por aqui. O pulso forte tem que atender o chamado da realeza. Como simplesmente sem agir deixa qualquer inimigo na prontidão, agindo deixa qualquer tipo de alucinação fora de sintonia. Fora de sintonia parece caminhar sua história, amigo.


Enquanto isso a planta, a mais bela planta jamais desbotada, jamais enrugada, deseja espalhar suas sementes pelos cantos e arredores. Deseja parar de ficar parado, deseja ensurdecer os olhos de quem te disse que você não iria brotar e germinar, seria apenas, sempre apenas uma semente. Mas você plantou, germinou e agora espalha suas sementes e determina o que deseja, orientado pelo vento que leva na corrente o passado , como se fossem cinzas, que no mar, viram cinzas. Fim.

"Não pode ver que no meu mundo, um troço qualquer morreu"
(Cazuza)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Conspiração Lunar

O homem foi pra Lua descobrir a insanidade americana. O homem foi pra Lua, pra na Terra, americano virar Rei. O homem foi pra Lua dizendo “viemos em paz” enquanto no Vietnam a paz ia embora. O homem foi pra Lua porque a Terra já não bastava. O homem foi pra Lua porque americano que é americano não fica atrás de Russo. O homem foi pra Lua num projeto de alemão. O homem foi pra Lua pra ver um pequeno passo do outro homem, mas um grande passo para o americano. O homem foi pra Lua pra nunca mais voltar.




O homem pisou na Lua, porque há muito tempo não se chegava em algum lugar. O homem pisou na Lua pra ver a cara babaca e feliz do homem na Terra. O homem pisou na Lua porque já não tinha mais onde "pisotear". O homem pisou na Lua pro americano mangar de Russo. O homem pisou na Lua pra esquecer os problemas das Guerras. O homem pisou na Lua por ambição no planeta Azul.




O homem voltou da Lua acenando para o mundo. O homem voltou da Lua pra saber das novidades. O homem voltou da Lua para contar as novidades. O homem voltou da Lua achando que resolveu os problemas da paz mundial. O homem voltou da Lua abraçando o mar de saudades. O homem voltou da Lua pra ficar mais à vontade. O homem voltou da Lua pra fazer tanta besteira. O homem voltou da Lua pra ir pra Marte. O homem voltou da Lua pra ir pro Universo. O homem voltou da Lua pra não ter limites. O homem voltou da Lua pra morrer em casa. O homem voltou da Lua pra ficar na merda. O homem voltou da Lua pra não voltar pra burrice passada. O homem voltou da Lua pra virar americano. O homem voltou da Lua. Voltou da Lua. Da Lua. Lua. Mas ainda vive no Mundo da Lua.

Post feito à pedido de um grande amigo de cervejas geladas às sextas-feiras.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Mais uma vez, "campeones"

Não existe conversa fiada numa hora dessas. Não existe papo pra boi dormir. Não existe justificativa. O que existe é que time brasileiro não se dá com time argentino em final de libertadores e ponto final. Como mudar isso? Parece simples, mas não é. Deixa a catimba de lado e joga seu futebol que vence, se for melhor vence. Entrar no jogo morno dos hermanos é que não dá.



A catimba é o grande trunfo destes argentinos papa-títulos da América. Porque você pode ter certeza que time argentino que ganha libertadores não tem jogadores que você olha assim e comenta: “Rapaz, esse cara ainda vai pra um time europeu grande”. Na verdade tem. Um. Foi Riquelme no Boca duas vezes, Tevez uma vez no mesmo, Verón no Estudiantes e podemos voltar bem mais até em 1994 com Chilavert, o goleiro mais catimbeiro de todos os tempos. E porque nesses times não se vê tantos jogadores diferenciados? Porque eles são treinados como máquinas para jogar e vencer a Libertadores. Aquele jogo frio que para o ritmo do time adversário, que provoca o brasileiro com um soco nas costas, que olha e dá um sorrisinho, que encara com cara de mal. Argentino joga assim. O Estudiantes catimbou o jogo na quarta-feira. Levou o torcedor do Cruzeiro a loucura com a apatia de Ramires, que parecia se refletir em todo o time. Kléber dessa vez não conseguiu se inspirar em Russel Crowe. O até então gladiador, foi derrotado. Wagner pouco fez. A zaga apática e nervosa. Enfim, do jeito que eles (os argentinos) programaram.

O que mais impressiona é que nós sempre acreditamos quando olhamos assim, 0x0 em La Plata. Agora vai, agora vai. Esquecemos um pouco que do outro lado existe um time, cujo país já conquistou 21 Libertadores (agora 22) e que catimba como poucos e sabe botar brasileiro pra ter raivinha e assim, impedindo de jogar do jeito que sabe jogar. Então fica pela milionésima vez a lição de como não se deve jogar contra os hermanos.

Uma lição também foi dada por Sebastián Verón nesta final de quarta-feira. A lição de como enfrentar um time brasileiro – diga-se freguês de argentino na Liberta – ditando o ritmo dos passes, ritmo da catimba, ritmo das jogadas, a hora de atacar e defender. Um cara de 34 anos não estando no auge de sua forma física consegue, e consegue muito bem comandar o time e liderá-lo para vitória. É a prova de que contra os brasucas, não se precisa de um garoto no auge da forma física ou um cara que necessariamente vá estourar lá fora. Você precisa somente de um cara que dite os caminhos e atalhos do jogo (entende-se catimba). E “La Brujita” Verón provou que isso ele sabe fazer.


Bom, mais uma vez, eles são campeões e nós, novamente, aceitamos o jogo deles, aceitamos
o toque de lado, aceitamos ver o Verón desfilar em campo, aceitamos as marcações e aceitamos que os argentinos sabem vencer a Libertadores. Diferente da Europa, da Copa dos Campeões da UEFA, quem vence aqui não é o futebol bonito, quem vence aqui é o futebol pragmático e isso que prova que a Liberta, sem dúvida, é o torneio mais difícil de vencer.

Hoje a gente deixa eles rirem, podem dar boas gargalhadas. Daqui há dois meses, nós nos encontramos de novo em La Bombonera. Abraço hermanos.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Quem é, onde é, quando é e por que é Brasil?


Quem vive a alegria de praça, sabe quem sofreu e sorriu. Onde a praça estava, no mesmo lugar da gente bêbada e caída. E Quando insistiram em olhar feio, eles riram como se fosse piada. Porque apesar da cachaça estragada, a felicidade é de graça.







Quem mata na batalha “desgraça” morre na selvageria imunda. Onde os corpos apodrecem sem vida e sangue. Quando perceber os erros, há de se arrepender. Porque no fim uma lágrima deve ceder.


Quem bebe na água do poço é aquele que Deus não rezou. Onde o seco traz a agonia sofrida. E Quando o pingo do céu cai, alivia a dor do povo. Porque a morte da sede é a força da inchada no sertão.



Quem vai para o Centro do Brasil, conhece sua verdadeira alma. Onde Juscelino ergueu palacetes. Quando ainda o homem inocente debatia a ditadura fervente. Porque aquele que disse “NÃO” nas paredes, hoje diz “SIM” nas grandes bancadas do Planalto.






Quem renasce na mulata sambista tem a sorte. Onde a ginga há de escapar da cobiça. Quando os pés sambam para o fino estrangeiro, deixam o branquelo de queixo no chão. Porque desse molejo, nenhuma raça fez como a mulata aprendeu.



Quem joga muita bola tem a perna torta. Onde na Vila nasceu um soco no ar e um coração suado no peito. Quando a taça se ergueu o público cantou e gritou. Porque o drible da perna torta deixa o argentino na roda.



Quem carrega o peso do dia? Onde se esconde a noite da rebeldia? Quando os indigestos terão que digerir o grito abaixo do céu azul? Porque eles sabem, que aqui não se brinca, aqui é Brasil.




quinta-feira, 9 de julho de 2009

O pirulito que foi roubado.



Interessante como a imagem acima cria opiniões divergentes, não é? Divergentes que digo, tirando a maioria das opiniões de jornalistas. Bom, eu ouvi e li milhões de opiniões relacionadas a queda de um tal diploma que realmente deixou muita gente parecendo criança pedindo de volta o pirulito que foi roubado. Sinceramente, sem falsas verdades, todos estes que choram, choram porque sentem medo. Porque agora um canudo não vale tanto quanto valia. E será que valia tanto assim? Será que existe uma definição concreta do que é um jornalista? Segundo um professor-doutor da UFS, o jornalista somente tem a função mecânica de informar. Ok.

Agora, me explique então os jornalistas que fazem cinema, jornalistas que dirigem rádios e televisões, jornalistas que apresentam programas de economia sem saber o básico de economia, o jornalista que faz de tudo um pouco. O jornalista que invade “N” áreas e agora não pode ser invadido. É brincadeira? Jornalista pode ser tudo na área de entretenimento. Agora, jamais um jornalista pode ter seu espaço invadido. Isso é uma ofensa! Coitados deles, quase não têm mais lugar para trabalhar. Se você não tiver emprego, seja jornalista. É essas babaquices que se lê pelos meios de comunicação.


Faça-me o favor! Hipocrisia existe em todo lugar, mas nada como um sindicato possuir uma postura socialista e de repente ir de encontro com suas próprias ideologias discordando e provocando o STF por eliminar a necessidade de um diploma. A verdade é que, tudo é uma grande hipocrisia, já que pessoas que prezam tanto com a verdade das palavras e agem desta maneira estão precisando urgentemente rever os seus conceitos de jornalistas e de vida.


Então, voltando à imagem destas duas bocas. O que me parece a mais pura hipocrisia. Como eles afirmam que contra a ditadura foram oprimidos e que apesar da opressão, o POVO, repito, o POVO demonstrou o seu valor. Jornalista era uma parte do TODO. Então se estes que se dizem jornalistas usaram esta arma a favor da democracia, do voto direto, da liberdade de expressão, do “abaixo a ditadura”. Como podem então estes jornalistas quererem calar aqueles que também devem ter direito de voz? Já que na ditadura era o que o jornalismo representava e lutava. Qual o sentido dessa briga toda? Aonde eles pensam em chegar? Por que desse medo?



Se "a gente" devolver o pirulito você fica feliz, jornalista?


Vocês não são donos dos meios de comunicação e nem devem ser, vocês não são donos das palavras e nem devem ser, vocês não são donos do cinema nacional, vocês não são donos da produção no Brasil, vocês devem entender que o seu domínio não existe e agora, o melhor que se sobressaia.


Porque Jornal por Jornal, no final, todos vão para o Lixo. E de lixo a gente já está cheio.


sábado, 27 de junho de 2009

Voa Beija-flor. Voa Vó.

O tempo que se vê, não é o tempo que se passa. Foi assim que ela fez da vida uma brincadeira, uma diversão, um modo de pedir passagem pra quem amarra um “bico” na cara. Ela despertava no semblante a alegria invejada por muitos, ela acordava sem medo de acordar, ela desrespeitava as próprias rugas no rosto e fugia de qualquer imbecilidade que levasse a tristeza.
O que para muitos é sinônimo de um fim próximo, para ela, era sinônimo de um dia novo, uma risada nova. A felicidade contagiante. Pois era improvável sentar-se ao seu lado e não dar boas gargalhadas. Pois era impossível esquivar-se de um humor fora de sério. Pois era inválido tentar chateá-la, ela iria rir até do seu rosto fechado.


E... Como se fosse um beija-flor que plana vagarosamente entre árvores ela desce a procura do melhor néctar das flores. Lento, como um aceno de mão que simboliza um “adeus”, pousa na tão cobiçada flor. A flor que brincou de fazer da vida a vida, a flor que balança com o vento e despeja polens por onde passa. A flor que desabrocha ainda bela. E que bela! O beija-flor atinge o seu objetivo e se deita perante o Sol e a Lua que transcendem qualquer sentimento de tristeza que tenta se sobrepor.


Ela brincou com a vida, saltitou do peso da morte e debruçou-se em suas crias que juntos pedem espaço para relembrar cada riso proporcionado por ela. A lágrima que hoje cai é de certeza a que mais vale à pena.


Voa beija-flor, voa vó.


E vai, que o céu hoje sorri.



Obrigado por tudo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Stiles, o açougueiro

Parece um título de filme de terror, mas não é. É na verdade um jogador de futebol. Inglês, pequeno, de seus um e sessenta e pouquinho de altura, careca, banguela, meio cego – usava lentes de contato - mas de uma vitalidade impressionante. E mais do que a vitalidade, Nobby Stiles teria totais condições de atuar em algum filme de terror sendo o vilão, o monstro, ou qualquer um do tipo “assassino macabro”. Perseguia seus adversários como presas e os caçava até que conseguisse levá-los ao chão; haja garra. Então não precisa explicar o por quê do açougueiro, não é?

A quem diga que se não fosse ele, a Inglaterra não teria passado de Portugal nas semifinais da copa de 1966, pelo simples fato de que Stiles anulou Eusébio. Disseram que o Pantera Negra – assim como era chamado o craque português devido sua grande explosão no campo – estava cansado, pois fez grande esforço no jogo das quartas de final. Acho que na verdade ele sentiu a famosa dor de facão. Dor esta que foi aplicada pelo pequenino “açougueiro”, Stiles. O jogo entre Inglaterra e Portugal na Copa ficou conhecido como “Jogo das Lágrimas” devido ao “chororô” de Eusébio após o jogo, ou teria sido a dor das pancadas produzidas por Stiles? Ele realmente era bruto.

Mas ainda não é de total convencimento que Stiles mereça um papel em um filme de terror, não é verdade? Bom, basta perguntar aos seus adversários se ele merecia ou não, principalmente a Onega e Rattín, ambos jogadores da seleção argentina na Copa de 1966. Nas quartas de finais contra os hermanos, Stiles distribuiu joelhadas, tesouras voadoras e um pouco mais, além de estampar em seu rosto um lindo sorriso que apenas - eu disse apenas - tinha a ausência de uns 2 ou 3 dentes na frente, besteira. Ele botava medo, e não só botava, fazia o medo se tornar realidade, ele destruía seus adversários. No caso de Rattín e Onega, que reclamaram com o árbitro para que Stiles fosse expulso, acabou com Rattín expulso e Stiles então abriu seu belo sorriso mais uma vez, para aflição dos argentinos.

Destacando que naquela época o futebol estava ficando cada vez mais violento, mas ainda não existiam os cartões para punição, também não se punia como se puni hoje, e a Inglaterra sediava aquela copa, pouca coisa. Pouca coisa não era a vontade de Stiles em cortar as jogadas e as pernas de seus adversários. Mas, Nobby não vivia só de quebrar canelas, ele tinha um bom passe - principalmente para Bob Charlton -, isso só porque o técnico da seleção inglesa, Alf Ramsey perguntou se Stiles tinha um cão e ele respondeu que sim. Então, Ramsey deu algumas instruções ao pequenino banguela: “Ótimo. Basta lembrar agora dos passeios que você faz com seu cão. Quando você atira uma bola ele vai atrás, pega e a devolve para você. Pois bem, quero que faça a mesma coisa em campo e com Bob Charlton. Agarre a bola e deixe-a aos pés dele”.

Agora imagine. As características físicas de Nobby Stiles, sua vitalidade misturada com facas em formato de pernas, digo, pernas em formato de facas, Nobby Stiles é ou não é um belo personagem para um filme de terror? Veja. Nobby como um Zumbi assassino que corre atrás dos grandes protagonistas, tipo Eusébio, mas que em vez de ser derrotado pelo “bonzinho”, o final provavelmente seria outro. Fecharíamos o filme então, com o belo sorriso de Stiles e com o “chororô” de Eusebiozinho, suplicando pela vida, ou, levando para o lado mais real da coisa, suplicando pela Copa do Mundo.



terça-feira, 16 de junho de 2009

Homenagem ao Mar



Enfim, o mundo pulsou, sente agora o fervor da água borbulhante dilacerada, queimando sobre o sofrimento humano e resgatando a morte de onde ela deveria permanecer. No fundo dos mares, a vida submarina que implora por luz, acha a carcaça de um homem que jamais imaginou que por acaso a vida te passaria a perna, ou a morte, tanto faz. É o fim, pedindo "que se fechem as cortinas".



“Estamos sem luz, nos deixem aqui”. Gritam através das bolhas - insistindo em dar sinais de vida - que submergem na superfície para a vista do homem desvairado que exige uma resposta. Resposta de quê? Da morte mandando lembranças? Ela anuncia mais um corpo. Os “meios” se comprometem a entupir o seu cérebro de carnificina tirada das águas. As lágrimas mais que salgadas enchem mais uma vez o Oceano. E este borbulha de novo, esbraveja e se joga contra os destroços de um “tal” avião. As ondas pedem passagem e o Mar é vitorioso mais uma vez.



"Pois é, Tamadaré
A maré não tá boa
Vai virar a canoa
E este mar não dá pé, Tamandaré"

Chico Buarque