terça-feira, 23 de junho de 2009

Stiles, o açougueiro

Parece um título de filme de terror, mas não é. É na verdade um jogador de futebol. Inglês, pequeno, de seus um e sessenta e pouquinho de altura, careca, banguela, meio cego – usava lentes de contato - mas de uma vitalidade impressionante. E mais do que a vitalidade, Nobby Stiles teria totais condições de atuar em algum filme de terror sendo o vilão, o monstro, ou qualquer um do tipo “assassino macabro”. Perseguia seus adversários como presas e os caçava até que conseguisse levá-los ao chão; haja garra. Então não precisa explicar o por quê do açougueiro, não é?

A quem diga que se não fosse ele, a Inglaterra não teria passado de Portugal nas semifinais da copa de 1966, pelo simples fato de que Stiles anulou Eusébio. Disseram que o Pantera Negra – assim como era chamado o craque português devido sua grande explosão no campo – estava cansado, pois fez grande esforço no jogo das quartas de final. Acho que na verdade ele sentiu a famosa dor de facão. Dor esta que foi aplicada pelo pequenino “açougueiro”, Stiles. O jogo entre Inglaterra e Portugal na Copa ficou conhecido como “Jogo das Lágrimas” devido ao “chororô” de Eusébio após o jogo, ou teria sido a dor das pancadas produzidas por Stiles? Ele realmente era bruto.

Mas ainda não é de total convencimento que Stiles mereça um papel em um filme de terror, não é verdade? Bom, basta perguntar aos seus adversários se ele merecia ou não, principalmente a Onega e Rattín, ambos jogadores da seleção argentina na Copa de 1966. Nas quartas de finais contra os hermanos, Stiles distribuiu joelhadas, tesouras voadoras e um pouco mais, além de estampar em seu rosto um lindo sorriso que apenas - eu disse apenas - tinha a ausência de uns 2 ou 3 dentes na frente, besteira. Ele botava medo, e não só botava, fazia o medo se tornar realidade, ele destruía seus adversários. No caso de Rattín e Onega, que reclamaram com o árbitro para que Stiles fosse expulso, acabou com Rattín expulso e Stiles então abriu seu belo sorriso mais uma vez, para aflição dos argentinos.

Destacando que naquela época o futebol estava ficando cada vez mais violento, mas ainda não existiam os cartões para punição, também não se punia como se puni hoje, e a Inglaterra sediava aquela copa, pouca coisa. Pouca coisa não era a vontade de Stiles em cortar as jogadas e as pernas de seus adversários. Mas, Nobby não vivia só de quebrar canelas, ele tinha um bom passe - principalmente para Bob Charlton -, isso só porque o técnico da seleção inglesa, Alf Ramsey perguntou se Stiles tinha um cão e ele respondeu que sim. Então, Ramsey deu algumas instruções ao pequenino banguela: “Ótimo. Basta lembrar agora dos passeios que você faz com seu cão. Quando você atira uma bola ele vai atrás, pega e a devolve para você. Pois bem, quero que faça a mesma coisa em campo e com Bob Charlton. Agarre a bola e deixe-a aos pés dele”.

Agora imagine. As características físicas de Nobby Stiles, sua vitalidade misturada com facas em formato de pernas, digo, pernas em formato de facas, Nobby Stiles é ou não é um belo personagem para um filme de terror? Veja. Nobby como um Zumbi assassino que corre atrás dos grandes protagonistas, tipo Eusébio, mas que em vez de ser derrotado pelo “bonzinho”, o final provavelmente seria outro. Fecharíamos o filme então, com o belo sorriso de Stiles e com o “chororô” de Eusebiozinho, suplicando pela vida, ou, levando para o lado mais real da coisa, suplicando pela Copa do Mundo.



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