sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Entorpecidos da Guerra

Entre os rostos entorpecidos de vontade e as mágoas deixadas no chão ferido de sangue, o homem rasteja e aponta mais uma vez. A arma que fere com ferro o peito do inimigo fere o peito da esposa e seu filho. Chora aquele que de longe vê, aquele que de perto olha, engole seco e atira pro alto. Nas trincheiras, ocupada pelas tropas, o soldado joga granada e prepara a artilharia pesada. O peso da partida que segue na mente enraivecida protege o homem do mais duro caminho. As noites sem dormir se transformam nas grandes diversões desses homens transtornados e transformados sem alma.






O patriotismo que impera e empurra a razão pra qualquer direção. As entranhas que se desfazem no corpo “sol dado” do calor escaldante. As melancólicas histórias dos velhos que lembram daquele dia. Sentados nas suas poltronas, fumando os velhos cigarros e com os velhos mesmos hábitos, os hábitos. O orgulho te ter servido sua pátria e a tristeza de ter deixado a vida no chão da batalha perdida. Independente de ter sido ganha. É dependente do garoto que se explodiu a testa, dependente da mãe que se fez chorar, dependente do seu amigo que morreu atirando, dependente daquele que se viu entrar na frente do fogo. Dependente de guerra. E agora sai na rua e nada mais impressiona. Não existe conflitos. A cabeça sente falta daquilo que fez a mente virar permanente e procedente de qualquer aceitação do pavor da morte.


O soldado quer pegar sua arma de novo, sinalizar e dar passagem. O soldado quer ferir e sentir a ferida. O homem de guerra quer enlouquecer. Porque ser normal não dá pra ser em guerra. O soldado quer puxar a granada e queimar algumas árvores e de repente, vê se queima um inimigo. Na guerra não dá tempo para lamentar a morte de quem se podia ter feito algo a mais. Na guerra, escolhas que devem ser feitas em segundos. Na vida, escolhas são feitas após anos. Na guerra, não há o “seu” tempo. E sabes que quando há de voltar, o tempo há de andar. E o rosto entorpecido da batalha, não permite que se leve o tempo, nem permite que a vida recupere o tempo.




Qual é a graça dessa vida quando se vive a guerra?



"Minhas mãos estão presas
Os bilhões passam de um lado para outro
E a guerra continua com orgulho de mentes lavadas
Pelo amor de Deus e por nossos direitos humanos
E todas essas coisas são deixadas de lado

Por mãos sangrentas que o tempo não perdoará
E que são lavadas pelo seu genocídio
E a história esconde as mentiras de nossas guerras civis"

(Axl Rose, Duff McKagan, Slash)


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